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Sua equipe não te escuta? O problema pode ser seu 'ponto cego'; entenda
Muitos líderes acreditam ser bons comunicadores. Afinal, chegar a um cargo de gestão exige anos de apresentações, reuniões e negociações. No entanto, existe um abismo entre o que o gestor diz e o que a equipe realmente absorve. Essa lacuna não é apenas um detalhe de comunicação; ela tem um custo direto no faturamento.
De acordo com um relatório da Grammarly em parceria com a consultoria The Harris Poll, a má comunicação custa às empresas cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,55 trilhões) anualmente. O prejuízo individual é estimado em US$ 12,5 mil (R$ 68,2 mil) por funcionário ao ano em perda de produtividade. Em um artigo na Inc., o especialista Scott Schwefel analisa que a raiz do problema não é a falta de treinamento, mas algo mais profundo: a falta de autoconsciência.
A ilusão da percepção
Uma pesquisa publicada pela Harvard Business Review e liderada pela psicóloga organizacional Tasha Eurich revela um dado alarmante: embora 95% das pessoas afirmem ter autoconsciência, apenas 10% a 15% realmente possuem essa característica. Para Eurich, autora do best-seller Insight, o problema se agrava com a hierarquia: quanto mais poder um líder detém, maior a probabilidade de ele superestimar suas habilidades, já que recebe menos feedback sincero.
O perigo mora no "ponto cego". O gestor pode acreditar que transmite confiança, enquanto a equipe percebe arrogância. Segundo um estudo da consultoria Gallup, gerentes são responsáveis por pelo menos 70% da variação no engajamento das equipes. Ou seja: se o líder não é autoconsciente, ele é o responsável direto pelo desânimo do time.
Para Lilian Cidreira, professora de Carreiras da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), esse cenário reflete um desafio comum no mercado brasileiro, onde a gestão centralizadora ainda é forte. "Muitas vezes, o dono da empresa começou como uma 'eupresa'. À medida que o negócio cresce, ele tem dificuldade em delegar e sofre de uma 'miopia de comunicação': o que é óbvio para ele, que fundou o negócio, não é óbvio para o time", explica.
O custo do silêncio
O impacto da baixa autoconsciência é mensurável. Mal-entendidos geram retrabalho e prazos perdidos. Se um projeto de consultoria para melhorar a cultura organizacional custa, por exemplo, US$ 5,00 (R$ 27,30) por colaborador, o custo de perder um talento de alto nível por falha de gestão é infinitamente superior.
"As pessoas não pedem demissão das empresas, mas sim dos chefes", afirma Cidreira. Para ela, o silêncio da equipe em reuniões não é concordância, mas medo. "Em empresas de pequeno e médio porte, as pessoas têm receio de dizer que não entenderam algo por medo de demissão ou por não quererem parecer incompetentes diante do fundador", diz a professora.
Scott Schwefel destaca, no artigo da Inc., que o fator classificado por muitos líderes como "falta de atenção" da equipe é, muitas vezes, um conflito de estilos de personalidade (Vermelho, Amarelo, Verde e Azul). Quando o líder ignora essas nuances, ele perde metade da conversa.
Para virar o jogo, Cidreira, da ESPM, sugere que o líder implemente processos práticos de escuta:
Sessão de acordos: ao final de cada reunião, pergunte o que cada um entendeu e qual a responsabilidade de cada membro.
Oportunidade de melhoria: em vez de pedir críticas, peça sugestões de melhoria. "Criticar é fácil; o desafio é pensar em soluções. Quando o líder implementa uma ideia que veio do time, ele gera confiança e engajamento", afirma a especialista.
Como virar o jogo
Para transformar a consciência em ação, Schwefel sugere quatro passos práticos: identificar seu estilo natural, observar o ambiente, adaptar o discurso para cada perfil e substituir perguntas fechadas como "alguma dúvida?" por questionamentos profundos, como "o que te daria mais confiança nesse plano?".
No cenário atual, onde a tecnologia e a velocidade definem o sucesso, os líderes que prosperam não são os que têm os maiores orçamentos, mas os que conseguem fazer com que suas equipes se sintam verdadeiramente vistas e valorizadas.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios


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